"If the doors of perception were cleansed, every thing would appear to man as it is, infinite." William Blake
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Um poeta
Um poeta a escrever
Morre pelo menos cem vezes
Sem ele mesmo perceber
O poder das suas preces.
Morre por doer,
Morre por sentir,
Morre por vender
E morre por pedir.
Quem escreve um poema
Não canta uma canção.
Ele expressa-se por pena
Como quem fez uma oração.
Um poeta a escrever
Morre pelo menos cem vezes mil
Por ser podre,
Por ser puro,
Por ser cabrão,
Por ser gentil.
Morre por falar,
Morre por não saber,
Morre por se calar.
Ele morre porque quer.
Quem escreve um poema
Não sabe porque o escreve.
Sabe que o tem de fazer
Até quando tudo o impede.
Um poeta a escrever
Morre pelo menos mil vezes mil.
Ele senta-se, bebe o seu copo
Mas o que escreve é seu.
E é belo
E é vil.
Morre por se dar,
Morre sem compreender,
Morre por amar
E morre por esconder.
Para um poema nada existe
É tudo uma pura invenção.
Só nele tudo persiste
Para sempre...
Na solidão.
Tiago Oliveira 3/01/2012
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4 comentários:
Muito duro este poema ! Mas forte... Gostei ( para variar ) ;) *
obrigado joana :)
Só um poeta é capaz de perceber os poetas. Com isto, considero-te um poeta de alma, poeta na técnica, uma técnica só tua. Como todos os poetas possuem a sua. Estás de parabéns, mais uma vez. Continua, acompanharei sempre :)
Gostei, já não postas a algum tempo.
resolvi criar um blog, acompanha http://olhoescutosintoepenso.blogspot.pt/
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