domingo, 8 de janeiro de 2012

Medo, o vergonhoso acto



Eu sentia-o suspirando.
Os sussuros por detrás das árvores.
Saudade e mágoa lá longe,
Lá longe,
Lá longe onde o medo nos atinge
Cravando o seu punhal de prata.
Cravado onde dói!

(Vergonhoso acto de desespero)

Eu sentia os seus passos.
As suas mãos sujas
Em volta do meu pescoço
Apertando, apertando, apertando...
O custo em respirar.
E depois?
O corpo caído no chão.

(vergonhoso acto de desespero)

Eu sentia-o a carregar a arma.
Dois homens sentados frente a frente
E uma bala para seis culatras.
Antes de premir o gatilho
Sorriem angustiados ouvindo o som do tambor.
Ouve-se o disparo,
Um cai morto, o outro sorri olhando o corpo.

(vergonho acto de desespero)

Agora já não sinto.
Os lugares foram trocados,
Há quem me chame morte
E há quem me chame o fim.
O meu nome, não o sei!
Apenas fico a olhar.
Parado, enquanto os corpos morrem.

(vergonhoso acto de preguiça)

Tiago Oliveira   8/01/2012

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