terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vidas desfragmentadas

Lembrar-me de quem sou
É como acordar todos os dias
E conhecer alguém novo.

Espreito por uma janela...

O pai ralha, a mãe sofre, o filho chora,
A comida não chega e a bebida ilude.
O tic-tac do relógio...
Assombra o intervalo da discussão.

A porta que bate, batera tambem ontem.
E a cama fria...
Espera o sono nunca descansado.
Tudo é involto de escuro,
Mas embora de verdade.

Ando mais,
Espreito noutra janela...

O pai calado e a mãe traida,
Esperando o filho que nunca chegará.
Tentativas falhadas...
Pois sem amor assim o deveriam ser.

O empregado abre a porta, também a fecha
E com delicadeza serve o jantar.
Mas aqui nada tem sabor,
Tudo é involto de claridade e beleza,
Mas embora de mentira.

Ando ainda mais,
Espreito á minha janela...

E nada consigo descrever,
Nem ver, nem sequer imaginar.
Apenas um muro branco...
Não distingue mentira ou verdade.

A porta está aberta,
E eu entro...
Entro na minha própria vida
Na minha realidade!

E vejo alguém espreitar á minha janela...

Tiago Oliveira 23/02/2010

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