Lembrar-me de quem sou
É como acordar todos os dias
E conhecer alguém novo.
Espreito por uma janela...
O pai ralha, a mãe sofre, o filho chora,
A comida não chega e a bebida ilude.
O tic-tac do relógio...
Assombra o intervalo da discussão.
A porta que bate, batera tambem ontem.
E a cama fria...
Espera o sono nunca descansado.
Tudo é involto de escuro,
Mas embora de verdade.
Ando mais,
Espreito noutra janela...
O pai calado e a mãe traida,
Esperando o filho que nunca chegará.
Tentativas falhadas...
Pois sem amor assim o deveriam ser.
O empregado abre a porta, também a fecha
E com delicadeza serve o jantar.
Mas aqui nada tem sabor,
Tudo é involto de claridade e beleza,
Mas embora de mentira.
Ando ainda mais,
Espreito á minha janela...
E nada consigo descrever,
Nem ver, nem sequer imaginar.
Apenas um muro branco...
Não distingue mentira ou verdade.
A porta está aberta,
E eu entro...
Entro na minha própria vida
Na minha realidade!
E vejo alguém espreitar á minha janela...
Tiago Oliveira 23/02/2010
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