Ouviam-se vozes de outrora vivos,
Eu estava morto e não ouvia.
A sala era fria e húmida
E o vento soprava,
Entrava...
Por entre as grades da janela
Querendo buscar o que restava de mim,
O que restava do meu corpo, corrijo,
Pois de mim já nada restava.
E eu escrevia o meu nome
Nas paredes, na porta, no chão,
No meu próprio corpo,
Escrevia, escrevia, escrevia...
Mas nunca o ouvira eu tão alto
Como o ouvi naquela noite,
Num grito intenso
Que me estilhaçava os ossos,
Que me desfiava a própria pele,
Não ali,
Mas num espaço transcendente
Em que não sentia dor,
Mas sofria numa angústia
Que me rebentaria a mente, talvez,
Se eu não tivesse tapado os ouvidos.
Conheci-me eu,
Tal como era,
E como era chamado.
Tudo se aqueceu, tudo se iluminou
E já não escrevia eu o meu nome
Deveras em lado algum.
Mas a sala era a mesma.
E o vento...
Tornava a soprar.
Tiago Oliveira 24/02/2010
1 comentário:
Este poema está, como ja te disse, espectacular! A tua escrita está a melhorar, continua. Parabens pelo optimo trabalho neste poema e tambem no anterior.
Beijinhos*
B'
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